"Você é irmã do Tonico? E ele é igual ou é diferente de você?" Sem dúvida o programa tinha a faca e o queijo na mão pra fechar com chave de ouro. Um tema tão importante e atual como a inclusão... Mas o episódio já começa com o "especialista", Dr. Salomão, dizendo que o autista com deficiência intelectual "está perdendo tempo" dentro de uma escola regular. Talvez devessemos guarda-los dentro de um armário para o resto da vida não é mesmo Dr. Salomão? A inclusão é uma via de mão dupla. Não estamos só "socializando o deficiente". Também estamos "socializando" as crianças típicas. Elas precisam saber que TODOS SÃO DIFERENTES. Precisam aprender não só a conviver com crianças deficientes, mas também aprender a ser mais tolerantes, solícitas, e aprenderem a ser livres de PRECONCEITOS. Os deficientes também CONTRIBUEM MESMO TENDO DEFICIÊNCIA INTELECTUAL. O que "depende", como disse o "especialista" Dr. Salomão, não é o grau de deficiência intelectual. O que "depende", é a educação que estamos dando para nossas crianças típicas. Enquanto crianças que usam óculos forem chamadas de "quatro-olhos", gordinhos forem chamados de "baleia", não vai fazer diferença o grau de "deficiência intelectual". Enquanto os próprios pais ensinarem aos seus filhos que o mais importante é ser o melhor, o mais bonito, o mais inteligente, realmente não haverá inclusão. Enquanto nossas escolas ainda segregarem ricos e pobres, negros e brancos, cristãos e macumbeiros, NÃO HAVERÁ INCLUSÃO. Enquanto houverem rótulos, NÃO HAVERÁ INCLUSÃO. Enquanto nossas escolas não tiverem condições de educar nem mesmo os alunos típicos, NÃO HAVERÁ INCLUSÃO. Enquanto for necessário uma lei que OBRIGUE a escola a receber uma criança especial, NÃO HAVERÁ INCLUSÃO. Enquanto não houver preparo dos professores e condições do espaço físico das escolas, NÃO HAVERÁ INCLUSÃO. Infelizmente essa é a realidade do Brasil. Nenhuma criança aprende exatamente como a outra. Algumas aprendem ouvindo, outras vendo, outras ouvindo e vendo, outras precisam do tato. Enfim, as escolas tem que estar preparadas para ensinar QUALQUER TIPO DE ALUNO. Quem sabe um dia... Mas acho que isso tudo que eu falei se resume a resposta dada pela irmã do Tonico à pergunta do Dr. Drauzio Varella que coloquei no início do post. "Diferente, porque ele é ruivo e eu sou loira" É impressionante como a resposta de uma menininha pode deixar dois "especialistas" com cara de bobos num programa em rede nacional! As crianças são mais sábias que os adultos, sem dúvidas!
E com essa reposta eu encerro meu post e minhas impressões sobre a série exibida no Fantástico. Beijinhos e bons sonhos! Spread The Love!!!
2 Comentários
Neste episódio o foco foi os tratamentos e como a vida das famílias é afetada. A falta de tempo para os outros filhos, a falta de tempo para si mesmo e para o companheiro(a).
Foi bem superficial, até porque para se aprofundar nestes assuntos, nem se o quadro ocupasse a grade inteira do Fantástico... Mas o que mais me chama a atenção é como as famílias estão sozinhas nesta jornada. Vamos explorar um pouco mais isso. Existe um ditado americano que diz "It takes a village to raise a kid". A tradução seria mais ou menos "É preciso de uma comunidade para criar uma criança". Quando a gente fala de uma criança especial, é preciso de um pouco mais do que isso. Aqui no Brasil, pelo menos nas grandes cidades, as pessoas mal conhecem seus vizinhos, e muito menos pode contar com eles. E é esse senso comunitário que falta para que essas famílias consigam ter mais tempo para os outros membros. Quando o Dr. Salomão diz que as famílias acabam se tornando autistas também é porque além das pessoas, amigos e muitas vezes familiares, não oferecerem ajuda, ainda acabam se afastando. E é impossível manter uma rotina inalterada depois de ter um filho especial. A rotina com uma criança especial é muito puxada. São consultas, terapias, noites sem dormir... As vezes não sobra tempo, nem disposição, de procurar os amigos, de ligar para os familiares, de socializar. Quanto ao acesso a tratamentos... É uma questão realmente delicada. Primeiro porque faltam profissionais qualificados e dedicados. Depender do governo é o mesmo que morrer na praia. O governo não consegue dar saúde e educação de qualidade nem para uma criança típica, muito menos para uma criança especial. O Brasil ainda tem muito o que caminhar para assegurar o básico para qualquer cidadão... Falta o sociedade civil se mobilizar para tentar fazer estas coisas acontecerem. Falta muita coisa... :-( Boa noite para todos! Spread The Love!!! Este episódio foi, na minha opinião, o melhor da série.
Mostrou como reconhecer sinais do autismo, até mesmo em bebes. Foi bem explicado, com uma linguagem bem apropriada ao grande público, sem floreios e jargões médicos. Mostrou como a intervenção precoce faz TODA A DIFERENÇA. Sim, quanto mais cedo começarmos a estimular, maior é a plasticidade cerebral, e maior é a chance de melhorar o prognóstico. É na primeira infância que aprendemos a viver em sociedade, aprendemos linguagem e organizamos o nosso pensamento. Quanto mais o tempo passa, esta forma "diferente" de ver e se relacionar com o mundo fica mais condensada na cabecinha deles. O Brasil ainda está muito atrasado em relação ao diagnóstico precoce de qualquer condição que seja. Autismo, Angelman e até mesmo câncer. Mas a verdade é que também não devemos nunca esperar um diagnóstico fechado para procurar ajuda. Parece mais fácil falando do que correndo atrás. Ainda estamos engatinhando no quesito "intervenção precoce". Sem contar que as terapias, muitas vezes, tem que ser encaradas de maneira multi-disciplinar, onde os objetivos são partilhados nas diferentes áreas (fisio, fono, terapia ocupacional, comunicação alternativa...). Os terapeutas tem que trabalhar em conjunto, seguindo uma mesma linha, visando um mesmo objetivo. Mas isso é muito difícil, deveria haver reuniões periódicas da equipe para discutir progressos, rever objetivos, estabelecer novas estratégias... E já é difícil conseguir bons profissionais, mais difícil ainda juntá-los para reuniões periódicas. Acho que não tem muito o que falar deste episódio, bom, conciso, bem formatado e informativo. Vale a pena ver! Beijos e boa noite! Spread The Love!!! Depois do fim da série "Autismo - Universo Particular", exibida no Fantástico, resolvi fazer uma análise, muito pessoal, do que eu achei sobre as reportagens exibidas. Pontos positivos e negativos.
Alguns de vocês devem estar se pergunto por que eu estaria analisando uma série que fala sobre autismo quando não é este o diagnóstico da Liora. Pois bem, apesar de não estarmos falando de todas as crianças especiais, o que está sendo mostrado é facilmente relacionado com o dia a dia de qualquer família com criança especial. As terapias, a inclusão, os médicos, os sonhos... E por isso resolvi dar minha humilde opinião. Sei que alguns vão concordar comigo, outros não. Mas o que seria do azul se não fosse o vermelho? Neste post vou falar do primeiro episódio. E espero que vocês comentem e deem as suas opiniões. Acho importante que isso seja discutido. Não acredito que minha opinião seja universal e quando criei este blog sempre o vi como um espaço para se criar discussões e trazer informação. Portanto, mesmo se você discordar do que vou escrever, comente, mostre o seu ponto de vista. O primeiro capítulo da série começa com cenas que, na minha opinião, são de extremo mau gosto. Concordo quando dizem que deve ser mostrada a realidade das famílias, mas acho que a criança deve ser respeitada. Antes de ser autista, o menino que aparece andando nu pela casa, é uma CRIANÇA! Se é proibido expor crianças até mesmo em propagando de fraldas com o bumbum de fora, por que mostrar um menino de oito anos andando nu pela casa e nem ao menos desfocar a imagem? Achei de extremo mau gosto. Logo em seguida entra o apresentador e médico Drauzio Varella explicando a série e ele diz que tem uma curiosidade sobre o autismo desde o tempo da faculdade e continua dizendo "O que se passa no cérebro dessas crianças? Por que são tão diferentes? Por que algumas nem aprendem a falar enquanto outras desenvolvem habilidades geniais?..." Sério? Você tem o espaço para falar sobre o autismo e trazer mais entendimento sobre o assunto e assim que abre a boca já exalta AS DIFERENÇAS? SOMOS TODOS DIFERENTES! O resto deste episódio é bem explicativo e traz informações sobre o amplo espectro do autismo, mostrando que independente da criação e de fatores externos, existem graus de autismo. Acho que isso ajuda a tirar um pouco da culpa dos pais de que não estão fazendo o suficiente. Os casos das famílias com duas crianças autistas tão diferentes mostra que, as vezes, mesmo tendo um criação e estímulos semelhantes, as crianças autistas se desenvolvem de formas diferentes. No próximo post vou falar do segundo episódio. E ainda estou terminando os posts sobre a conferência e as férias! Aguardem as novidades! Beijos e boa semana! Spread The Love! Estou meio atrasada nos meus posts. Mas o útlimo mes foi muito intenso. Viagens, compromissos, novidades e mais do mesmo... Um pouquinho de tudo!
No dia 18 de julho embarcamos todos para Orlando, Florida, Estados Unidos! E por "todos" quero dizer eu, Bruno, Zion, Liora, Benjamin e a babá. Uma viagem em família! E pra Disney! Tantas lembranças boas! Da última vez que estivemos lá, Liora começou a andar assim que voltamos. Além de ser um lugar super bom pras crianças, é melhor ainda para aquelas que tem alguma deficiência. Certamente estávamos embarcando para duas semanas bem divertidas! Mas dessa vez não era só para diversão. Era também para participar da Conferência Bienal da Síndrome de Angelman, organizada pela ASF (Angelman Syndrome Fundation). Na verdade nem pretendíamos comparecer, mas dois meses antes do evento foi anunciado que Mary-Louise Bertram e Erin Sheldon seriam algumas das atrações. Não sei se já falei dessas duas aqui, mas elas são minhas GURUS. Pessoas dedicadas e apaixonadas pela causa que escolheram. Cada uma na sua área. Pra vocês entenderem um pouquinho da minha súbita "necessidade" em comparecer a este evento, vou fazer uma mini apresentação das duas: Erin Sheldon - Ela é mãe de uma menina com Síndrome de Angelman e, procura oferecer uma vida o mais comum possível para sua filha. Tornou-se uma líder entre ativistas dos direitos dos deficientes. Suas idéias unem conceitos maravilhosos de auto-determinação, autonomia, inserção na sociedade, suportes naturais. Enfim, uma pessoa maravilhosa, sempre pronta a ajudar e a oferecer seus conhecimentos à outras famílias. Mary-Louise - Ex-professora de uma escola especial na Austrália, ela tinha em sua sala 4 crianças com Síndrome de Angelman. Acabou virando referência na lista de emails internacional de Angelman em relação a PODD book, que ela usava em sala de aula com todos os seus alunos, e a práticas de inclusão. Hoje, trabalha com diferentes famílias nas melhores práticas de imersão em CAA (comunicação aumentativa e alternativa) e junto às escolas implantando práticas inclusivas. Também dá palestras e ministra workshops em Aided Language Stimulation e Literacy For Individuals With Disabilities. Está em treinamento para tornar-se instrutora de PODD, sob a tutela de ninguém menos que Gayle Porter. Sem mais a dizer sobre M-L (como é conhecida nas "rodas" de CAA), ela simplesmente é BRILLIANT! Marcamos tudo meio em cima da hora. Primeiro, só iria eu. Mas aí passaria meu aniversário longe da família e teria que ir viajar logo após o aniversário do Zion. Além de deixar o Bruno completamente sozinho no meio das férias das crianças. Ou seja, CAOS! Então resolvemos ir eu e Bruno, mas gostaríamos muito de levar a Lilica, já que na edição de Salt Lake City não a levamos. Mas para leva-la eu não ia ter coragem de deixar os meninos. E assim decidimos que iríamos todos. E assim foi. No próximo post conto como foram os dias de conferência! Um beijo e boa noite! Spread The Love |
Carol AguiarSou mãe em tempo integral de tres crianças maravilhosas. Zion, Liora e Benjamin. Inscreva-se!Digite seu endereço de email para assinar este blog e receber notificações de novos posts por email.
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