Eu já devia saber. Deveria estar preparada para este momento.
Não, na verdade, eu deveria é ter EVITADO este momento. Isso sim! Eu não deveria ter deixado chegar até aqui. Vocês devem estar achando que eu enlouqueci. Mas na verdade eu ABRI MEUS OLHOS e, certamente, da próxima vez, e eu tenho certeza de que haverão muitas "próximas vezes", eu não vou deixar chegar até onde chegou. Pra quem acompanha o blog, ou a nossa página no Facebook, já deve ter lido que quarta-feira é dia de terapia ocupacional, e é dia de encontrar o PAI SEM-NOÇÃO. E hoje não foi diferente. O que foi diferente hoje foi a MINHA REAÇÃO. Vamos aos fatos... Cheguei atrasada para a terapia da Liora. Ela entrou e eu fiquei na sala de espera com o pai SN (SN não que dizer Síndrome de Nuremberg ou qualquer outro nome esquisito com N, é apenas a abreviação de SEM NOÇÃO). Ele ainda puxou um papo sobre o crochet que eu estava fazendo. Perguntou há quanto tempo Liora faz natação (o filho dele começou a fazer aulas na Estilo, no mesmo horário que eu levo as crianças, descobri ontem quando voltamos para as aulas depois do período ruim da Lilica), se ela gosta... Enfim, pela primeira vez tentou ser um pouco educado. Chegou a mãe da F. que faz fono no horário seguinte ao filho do SN. Logo depois chegou a H. que faz terapia ocupacional depois da Lilica. Emprestei o iPad do Zion para ela e fiquei conversando com a mãe da F. até que Liora saiu. Ao mesmo tempo saiu o filho do SN. Ainda falei um pouco com a Ana Helena (terapeuta), ela me deu um recadinho da Liora e foi buscar o presente que Lilica tinha feito para o dia das mães. Num dado momento, o menino deu um abraço no pai SN e Liora, que ama abraços coletivos, foi se juntar a eles, quando o menino empurrou ela. Eu ainda brinquei e disse que Liora adora abraços coletivos, mas o pai SN foi incapaz de dizer qualquer coisa do tipo "Então venha Liora, deixa ela abraçar junto com a gente fulaninho". Não. Ele não disse nada, e deixou seu filho empurrar a Liora. Liora então foi até uma casinha de bonecas que tem na recepção e pegou um brinquedo. Eu disse para ela colocar de volta que já íamos embora. Ela voltou e colocou o brinquedo de volta e pegou um bonequinho de plástico duro, mas levinho e redondinho, sem nenhuma quina ou ponta. Quando ela passou pelo filho do pai SN deu com o brinquedo na testa do menino. Deve ter doído, mas nada que fosse causar uma ferida ou fazer o filho dele perder os sentidos. Mas quando eu vi a cena eu já sabia no que ia dar. Eu ia ter que enfrentar os meus "demônios". E eu digo isso porque esta é uma situação que eu temo há algum tempo e que SEI que vou enfrentar ainda MUITAS VEZES. Na mesma hora eu peguei a Liora pelos dois braços, coloquei-a sentada na cadeira e falei muito brava com ela que a gente não bate, que a gente só deve fazer carinho e que eu estava muito decepcionada com ela. Ela começou a chorar, o menino estava chorando, o pai do menino ficava falando "Deixa eu ver meu filho, você está machucado" e eu brigava com Liora. Isso tudo numa salinha de recepção. Era o olho do furacão! Nisso, a Ana Helena abre a porta e o pai se vira para ela em tom desesperado, como se o filho dele tivesse sido atingido por uma bala, "A Liora bateu na cabeça do meu filho com o brinquedo, e blá blá blá blá blá..." E eu respirando fundo e brigando com a Liora e tentando catar minhas coisas para ir embora antes de explodir, como uma panela de pressão. Então o pai SN se vira PARA A LIORA, como se estivesse falando com a filha dele, e diz "Muito feio Liora, isso não se faz...". Nessa hora, foi como se o apito da chaleira tivesse tocado. Chiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Eu me levantei virei-me para este cidadão e disse em TOM AMEAÇADOR "Da educação da MINHA FILHA CUIDO EU, se preocupe com o SEU FILHO". Ele continuou e eu disse "Você reparou que ela não fala, que ela tem uma síndrome genética, e uma série de questões comportamentais pelo fato dela NÃO CONSEGUIR SE EXPRESSAR?". Então ele se vira para mim e diz "A sua filha já mordeu a H. e hoje bateu no meu filho. VOCÊ TEM QUE SEGURAR A SUA FILHA" e eu me virei para ele e perguntei se ele estava querendo dizer que minha filhe deveria ser contidda como um animal já puxando Liora pelo braço e indo embora pela porta do consultório. Quando saí, já meio chorando, falei com a fono que estava na outra porta do consultório de expliquei rapidamente o que havia acontecido, quando este ser LOUCO vem atrás falando também e dizendo que Liora fez X e Y... Eu dei tchau para a fono, dei as costas e fui embora. AOS PRANTOS. Não de tristeza, mas de RAIVA. Raiva de não ter tido calma para falar tudo que estava engasgado na minha garganta há muito tempo. Entrei no carro, ainda chorando, e ao mesmo tempo tentando acalmar a Liora, que também chorava ao ver o meu descontrole. Paguei o estacionamento e fui embora. A Ana Helena me ligou se desculpando, dizendo que o pai ficou lá transtornado, falando um monte. E que ninguém deu razão para ele. Ela disse que ele queria que ela parasse o atendimento da H. para falar com ele e ela disse que não podia. Disse também que quando eu sai do consultório, a mãe da F. (super fofa, muito obrigada por comprar o MEU barulho!) começou a dar uma bronca no SN, deizendo como foi mal-educado da parte dele falar daquela forma comigo e com a Liora, que ele deveria ter se portado melhor e ter se colocado no meu lugar, que eu já tinha brigado com a Liora e controlado a situação. A Ana Helena chegou a me oferecer um outro horário, na quinta-feira de manhã, para que eu não encontrasse mais com o SN. E disse ainda que ele ficou tão indignado por niguém ter dado razão à ele, que ela nem sabia se ele voltaria. EWu disse que ainda estava um pouco nervosa, mas que pensaria no assunto e que ligaria amanhã para dar uma posição quanto a troca de horário, mas que não ia fazer muita diferença, já que eu o encontraria na natação mesmo. Mas isso tudo, para eu chegar a UMA CONCLUSÃO. Eu deveria ter cortado essa intromissão lá na "história do band-aid". Eu não devia ter deixado este incomodo tomar conta de mim para só falar numa situação extrema como esta. Eu devia ter DADO UM BASTA no início. O dia passou e eu pensei muito no assunto. E não vou mudar de horário. E não vou mais tentar dar explicações sobre o comportamento da Liora. PARA NINGUÉM. Não preciso passar o resto da minha vida explicando para os outros o porque das coisas, porque tem pessoas que SIMPLESMETE NUNCA VÃO ENTENDER, que NÃO QUEREM entender. Vou encontrar pessoas SN SEMPRE. E vou ter que aprender a levantar um escudo contra elas. Mas vou levantar o escudo ANTES de chegar numa situação extrema como esta. E é isso. E vamos que amanhã ainda vou encontrar com este ser SN na natação! Um beijinho para todos e boa noite! Spread The Love!
1 Comentário
Silvânia W Reis
9/5/2013 12:07:22
Oi prima. Jamais se desculpe pelo comportamento da Liora. Vc é uma mãe exemplar. Eu digo isso porque trabalho diariamente com muitas mães que não tem nem uma parte da tua dedicação e comprometimento com os filhos. É pra ficar com muita raiva mesmo. Eu tô! Continue educando o Liora como vc já faz. E é bem o que vc disse: o qu não mata fortalece. E vc é uma dam mulheres mais fortes que eu conheço. Te admiro muito. Beijo grande a todos voces.
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Carol AguiarSou mãe em tempo integral de tres crianças maravilhosas. Zion, Liora e Benjamin. Inscreva-se!Digite seu endereço de email para assinar este blog e receber notificações de novos posts por email.
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